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O Cansaço

O CANSAÇO

O cansaço é o primeiro sinal de que algo não está bem connosco.

A verdade é que temos tendência a desvalorizá-lo e a encontrar mil e uma desculpas para o estarmos a sentir. Parece que temos dificuldade em entender que estar cansado é o mesmo que dizer que devemos perceber de onde ele vem e como podemos fazer para pará-lo.

O cansaço é um sinal muito poderoso de que existem coisas na nossa vida que nos andam a “cansar”. Inicialmente, esse cansaço é apenas físico, mas depois transforma-se em mental e, finalmente, em emocional.

Quando chegamos ao cansaço emocional, normalmente é quando recorremos aos psiquiatras, que nos dão a ideia geral de que é normal nos dias de hoje andar deprimido e cansado.

Dizer que o cansaço é normal é o mesmo que dizer que também é normal sofrer e viver em esforço.

Hoje, muitos profissionais de saúde incutem-nos que a depressão é normal, que o cansaço e o descontentamento são próprios desta sociedade competitiva e exigente. Parece algo sem remédio e inevitável. O problema é que muitas pessoas acreditam nisto e passam a achar normal estar deprimidos e cansados.

O cansaço não é normal e muito menos a depressão. Ambos resultam de estarmos em esforço e de não estarmos a conseguir sair de lá.

O cansaço é um sinal de que não estamos onde devíamos estar, de que não estamos a fazer aquilo que devíamos estar a fazer. É um sinal de que não estamos no nosso caminho ou, se estamos, estamos num ritmo que não é suposto ser o nosso.

Assim, o cansaço surge na nossa vida como consequência de uma de duas situações.

  1. Por estarmos a fazer algo que não queríamos estar a fazer
  • Por estarmos a fazer algo que gostamos, mas num ritmo demasiado rápido

Em qualquer uma das situações, o necessário é parar, antes que seja demasiado tarde.

No primeiro caso, quando estamos a fazer algo que não queríamos estar a fazer, seja num trabalho, numa relação, num local, ou seja em que situação for, o cansaço é inevitável.

Estar no caminho errado, estar onde não devíamos estar, só nos faz querer chegar depressa mais à frente: ao fim de semana, às férias, ao final do ano, etc. e perdemos a possibilidade de viver o momento presente, o único onde podemos e devemos fazer a diferença.

Quando estamos no caminho errado, a verdade é que nem sentimos o caminho. Só queremos que tudo passe depressa e esperamos por um milagre para o qual não fazemos nada para que possa acontecer.

Muitos de nós ainda não entenderam que os milagres partem sempre de nós. Nós somos o próprio milagre, pela capacidade que temos de criá-lo na nossa vida.

Quando estamos num caminho errado, num caminho onde não queremos estar e que não nos diz nada, o destino final nunca nos agrada, porque a desilusão e a frustração estão sempre presentes durante a viagem.

Assim, sempre que estivermos nesta situação, devemos parar para entender o que nos está a provocar o cansaço e, depois, mudar. Se não mudarmos o que nos cansa, vamos inevitavelmente entrar em depressão e lamentar muito mais coisas na vida.

Não parar nestas situações é condenarmo-nos ao cansaço extremo, ao cansaço físico, mental e emocional. E depois tudo fica bem mais complicado, porque falta-nos a força e o discernimento para dar a volta e encontrar uma solução.

Normalmente, quando não paramos, a vida pára-nos de uma forma bem mais dura.

Parar é fundamental para nos reorganizarmos e escolhermos qual a mudança que nos vai tirar de onde o cansaço persiste.

Na segunda situação, quando estamos a fazer algo que gostamos, mas estamos a andar depressa demais, o cansaço também é inevitável.

Normalmente, estamos a querer chegar demasiado depressa a um lugar que achamos fundamental e, como tal, estamos a dar demasiado de nós mesmos.

Tudo tem um ritmo e um tempo próprios. Estarmos a fazer o que gostamos não é excepção. Quando queremos dar mais do que aquilo que podemos, mesmo sendo para algo que gostamos, vamos acabar por cair a meio e tudo fica perdido.

Aliás, regra geral, o cansaço que vamos sentindo leva-nos a inevitáveis e obrigatórios fracassos, que por sua vez nos levam a deixar de acreditar em nós mesmos e naquilo que tanto gostamos.

Por isso, quando estamos a fazer algo de que gostamos, não queiramos chegar a lado nenhum senão ao momento presente. Podemos fazer planos, mas não querer atingi-los a todo o custo, com esforço ou horas extras. Aquilo que gostamos é suposto ser usufruído e dar-nos bem-estar. Quando forçamos algo, deixa de ser bom para nós.

Lembremo-nos sempre que onde existe esforço, existe cansaço. Onde existe cansaço, existe sofrimento.

Posto isto, fiquemos apenas onde nos sentimos bem e mudemos tudo aquilo onde nos sentimos cansados.

A vida é uma bênção. Não vamos transformá-la num tormento.

José Micard Teixeira

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