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Por que hesitamos tanto?

POR QUE HESITAMOS TANTO?

              Desde que nascemos que nos dizem para não tentarmos fazer coisas impossíveis ou difíceis, arriscadas ou perigosas. Dizem-nos que a vida é difícil e programam-nos apenas para fazer coisas fáceis, normais e conhecidas. O cérebro de quem nos criou, tal como o nosso, está destinado a nos proteger. Essa é a sua principal missão.

              Aquilo que o nosso cérebro quer é manter-nos vivos a qualquer custo. Como tal, tudo aquilo que implique algum risco de sentirmos dor, sofrermos ou enfrentar o que tememos, é logo boicotado por ele.

              Tudo aquilo que queremos fazer que implique um salto no desconhecido, como, por exemplo, iniciar um novo negócio, casar, ter filhos, divorciar-nos, imigrar ou emigrar, mudar de emprego, seguir sonhos, implica fazer coisas difíceis, arriscadas e diferentes. Como estamos programados para nos motivarmos apenas para coisas acessíveis e de pouco risco, a motivação para coisas mais ousadas e arrojadas não passa de uma vontade. Essa é a razão porque muitos de nós anseia apenas por sermos pessoas normais, sem termos de sair da nossa zona de sobrevivência.

              Sobreviver é mais fácil, porque não implica enfrentar desafios para consegui-lo. Viver é bem mais difícil, porque implica contrariar o nosso cérebro na sua vontade de nos proteger e manter vivos.

              Deixem-me explicar como tudo isto acontece.

              Quando pensamos em fazer algo diferente e arriscado, hesitamos. Não temos como fugir disso. Acontece, pura e simplesmente, fruto de quem somos e acreditamos ser. Essa hesitação envia de imediato um sinal de perigo iminente ao nosso cérebro e ele reage também de imediato a essa hesitação fazendo-nos sentir medo de avançar. Quase ninguém se apercebe deste mecanismo automático de disparo. É demasiado subtil para termos noção do que acontece sempre que hesitamos. Acreditamos que é como somos, como reagimos.

              A nossa hesitação funciona como o gatilho para o cérebro ficar alerta e fazer-nos reagir como se houvesse perigo dali para a frente. O resultado é que deixamos entrar o medo nos nossos pensamentos e não fazemos mais nada daquilo que pensámos em fazer.

              Cerca de 80% das pessoas reage assim. Apenas 20% consegue contrariar o impulso do cérebro de nos proteger e ousam ir em frente, apesar dos medos. Esses 20% já entenderam que a vida, a nossa vida, a verdadeira vida, aquela que desejamos tanto, está para lá daquele momento de hesitação, da nossa zona de sobrevivência.

              Temos de ter em conta que só vamos verdadeiramente fazer coisas que não sejam fáceis, certas e conhecidas quando sentirmos vontade de ser diferentes connosco mesmos. Até lá, devemos aprender a parar e saber esperar que a vontade tome conta de nós. Parece um contrassenso, mas nada acontece de significativo se for em esforço ou contrariado.

              No entanto, devemos entender que podemos mudar tudo isso com apenas uma escolha. A verdade é que uma escolha diferente pode mudar totalmente a nossa relação, o nosso trabalho, a nossa vida. O importante é que seja uma escolha de respeito por quem somos. Nada mais.

              Na próxima hesitação, devemos lembrar-nos que temos duas hipóteses apenas:

  1. Ou deixamos o cérebro atirar-nos com os medos e não avançamos diante da hesitação;
  2. Ou entendemos como tudo funciona no nosso cérebro e enfrentamos os nossos medos para ir em frente com a nossa ideia.

              Este é o mecanismo que devemos compreender para não parar de fazer coisas que desejamos diante da nossa hesitação. Esta é a forma para deixarmos de sobreviver, de ser apenas o que nos permitem de ser, para vivermos uma vida bem mais plena e feliz.

              Nunca mais se esqueçam disso !

              José Micard Teixeira

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